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Roupas sem gênero ditam moda e comportamento
por Carolina Brasil
Publicado em 6 de abril de 2021 às 16:13 / Atualizado em 13 de abril de 2021 às 15:50
Apesar de um não ser algo tão recente, o conceito da moda sem gênero voltou a ocupar destaque nos assuntos e tratativas sobre moda e comportamento; o termo se refere à liberdade das pessoas se vestirem como quiserem sem estarem presas ao gênero, ou seja, sem a distinção do aspecto biológico e sociocultural entre homem e mulher, isto é, do masculino e do feminino.
Nesse contexto, a moda sem gênero – também definida por genderless, unissex ou androginia – é aquela composta por peças que podem ser vestidas por qualquer pessoa sem considerar a roupa como “de homem” ou “de mulher”. Para Regina Bretas, empresária do setor de moda, essa é uma tendência que materializa uma transformação social acompanhada pela moda. “Hoje, a moda tem respeitado o estilo de cada um e, ao meu ver, a moda sem gênero é a total liberdade, permitindo que as pessoas se vistam de acordo com a própria personalidade, como se sentem bem; sendo isso o suficiente na hora de escolher uma peça”. E completou: “Independente do gênero, orientação sexual, estatura, peso, não importa… a moda caminha para o respeito às diferenças, tirando os rótulos e eliminando os padrões que não cabem na gente”.
Na prática, a moda sem gênero vai muito além de peças masculinas vestidas por mulheres ou o contrário; tampouco é feita apenas de roupas largas, “oversized”, sem modelagem, caimento, apenas em cores neutras. Prova disso são as marcas que têm apostado nela na prática. “Existem várias marcas apresentando peças vestidas em homens e mulheres, nos próprios catálogos e nas lojas. Inclusive, em uma coleção recente da Vivar, criamos linhas de alfaiataria, com camisaria e calças sem gênero, que vestem homens e mulheres”, explicou Regina.
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Enquanto as peças sem gênero não se popularizam nas lojas e nas araras do comércio varejista de roupas, a consultora de imagem e influenciadora digital Lays Marchezi pode ser considerada uma especialista em descobrir peças que servem para ela, mas que foram compradas pelo noivo. “São várias vantagens, desde o consumo consciente e a economia por não precisar comprar uma peça a mais; até o estilo mais moderno e fashionista que podemos dar às roupas com as possibilidades de estilo ou dinâmicas de amarrações e cintos, por exemplo”, ressaltou.
Contudo, Lays ainda vê um longo caminho pela frente no sentido inverso; para a maioria dos homens é um tabu enxergar a moda e as roupas sem gênero. “Temos exemplos de homens mais vanguardistas e modernos que estão usando saias vestidos nessa modelagem sem gênero, com linhas mais retas, sem marcação da cintura; mas, por enquanto, bem restrito aos artistas e celebridades brasileiras e internacionais”.
E quando se analisa a moda como espelho da sociedade e vice-versa, é possível perceber essa tendência desde as passarelas. De acordo com Isabela Belonni, da Mistic Agency, os estilistas há tempos trazem esse conceito. “Nas principais semanas de moda em todo mundo, os desfiles retrataram isso ao longo dos anos, de modelos andróginos, quebrando estereótipos de gênero, às peças que vestem homens e mulheres”, destacou a professora de passarela.
Na visão da especialista, o termo “sem gênero” veio com o tempo, mas há diversos exemplos da aplicação dele ao longo da história e até os dias atuais. “Louis XIV usava salto alto, por exemplo; nos anos 1920, as roupas femininas eram mais neutras, sóbrias; hoje, podemos destacar o mom jeans. A peça ganhou esse nome ao configurar as araras femininas, mas é perfeitamente possível montar esse look utilizando o jeans da sessão masculina”, elencou Isabela.
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