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“Padrões” de beleza ditam discursos de ódio na internet
Influencers digitais de Guarapari sofreram ataques virtuais; colegas e seguidores saíram em defesa
por Carolina Brasil
Publicado em 2 de março de 2021 às 10:18 / Atualizado em 2 de março de 2021 às 10:19
Recentemente, o que podia ser apenas mais um dos discursos de ódio na internet, revelou a empatia das pessoas e reacendeu a discussão sobre a falta de respeito e os padrões de beleza corporal impostos por tantos anos. Influencers digitais de Guarapari sofreram ataques de internautas em publicações onde posavam com roupas, biquínis ou peças íntimas em posts publicitários.
Um desses casos é o da modelo comercial Luma Palaoro, que mantém no Instagram um perfil próprio voltado à autoestima e ao autocuidado. A jovem, que passou parte da infância/adolescência “brigando” com a balança, se encontrou com o próprio corpo e, há cerca de três anos, decidiu dividir o que aprendeu. “Quando resolvi trabalhar com a rede social, fui experimentando assuntos e descobri que queria influenciar as pessoas com o que aprendi sobre se desvincular da opinião alheia e sobre a aceitação”, lembrou.
Modelando para uma loja como faz há dois anos, fotos da @lumapalaoro circularam na internet; as publicações sofreram ataques de uma seguidora que julgava a profissional “fora dos padrões” para posar de biquíni para a marca. Foram diversos comentários agressivos e a usuária chegou a sugerir que a empresa não trabalhasse com a modelo. “Não foi a primeira vez que sofri ataques desse tipo, mas nunca antes uma pessoa havia tentado interferir no meu trabalho. Por essa razão, eu decidi rebater e isso acabou ganhando uma grande proporção; pessoas me defendendo e contestando as críticas. Ela ofendeu a profissional; não é fácil empreender, ainda mais aqui na cidade e dessa forma”, contou Luma.
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Para Jéssica Cosmo, também influencer digital de Guarapari, não foi diferente e defende que é preciso rebater as críticas e expor ataques desse tipo. Ela mesma já perdeu as contas do quanto já foi criticada pelo corpo; @jehcosmo modela para marcas de roupas e de lingerie plus size. “Na última semana ocorreu uma situação desse tipo e, quando respondo e exponho a situação, é para reprimir esse tipo de ataque; mostrar para as pessoas que, por mais que nosso perfil seja público, não somos obrigadas a aceitar ofensas. Antes de comentar, de interagir, os internautas precisam lembrar que há uma pessoa do outro lado, que pode não saber lidar com isso; e ainda, se não for para acrescentar, ajudar, e pelo contrário, com o objetivo de ferir, é melhor nem escrever”, ressaltou.
E os ataques são por todo lado, a influencer Chalana Voltarelli (@chalanavoltarelli) foi criticada por também ser considerada “fora dos padrões” para modelar nas redes sociais. Ela pensou deixar a atividade que faz paralela à atuação como técnica de enfermagem, mas ganhou apoio. “A dona de uma loja foi questionada por me escolher sob alegação de que não tenho corpo de modelo, não sou uma modelo e etc; quando comentei com minhas parceiras o meu desejo de desistir, logo criaram a #brilhamaischalana, compartilhando vídeos meus, fazendo vídeos em minha defesa, fui ganhando seguidores, apoio e animo de continuar”.
Genna Castelar (@gennacastelar), empresária de Guarapari e influencer digital, revela que não sofreu agressões relacionadas ao corpo, mas acredita que o mundo virtual reflita o cotidiano. “O problema é que há pessoas ruins na vida, seja onde for; o que eu prego em minhas redes sociais e no meu dia a dia é que o mundo precisa de amor ao próximo e respeito. Com essas duas coisas, tudo seria diferente. Porém, ao escolher o caminho público, ao se expor, é preciso se preparar para tudo e não deixar se abater”, aconselha.
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