Anúncio
Doação de órgãos e o renascimento de quem recebeu
Apesar de ser um assunto que precisa ser debatido, o mês de setembro possui um destaque para o incentivo a doação de órgãos: a campanha Setembro Verde
por Larissa Castro
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 12:10 / Atualizado em 2 de setembro de 2020 às 12:18
Com diversas campanhas ligadas às cores, o mês de setembro também se destaca com o incentivo a doação de órgãos. Intitulado de “Setembro Verde”, o movimento foi criado com o objetivo de que mais pessoas se tornem doadoras de órgãos e tecidos. Para que isso ocorra, não é necessário deixar o registro por escrito; basta conversar com a família sobre o desejo de fazer o ato nobre da doação. Milhares de pessoas aguardam por transplantes. Essas, têm a vida transformada e a conquista é vista como um renascimento.
A cada pessoa que toma a decisão de ser doador de órgãos, em média dez vidas são salvas. Em Guarapari, a advogada Giovanna Mazzelli faz parte da estatística de quem foi agraciado com a doação. Há 15 anos, após um mês de espera, ela recebeu o transplante de córneas, que é colhida de um doador morto com idade entre 2 e 80 anos. Sem saber a origem do doador, a experiência fez com que ela mudasse o pensamento.
“Eu não pude saber quem doou a córnea, sei apenas que foi do sexo masculino. Eu não pensava em ser doadora de órgãos, hoje me assumo como doadora, de todos os órgãos possíveis, e sempre incentivo, pois voltei a minha vida normal, após ser receptora”, celebra Giovanna.
Anúncio
Sem imaginar que um dia seria ela quem estaria no aguardo de um ato de solidariedade que, inicialmente parte do doador e após a morte, da família, Giovanna enfrentou cinco anos de tratamento na visão, mas apenas o transplante fez com que a rotina dela se normalizasse.”Eu peguei conjuntivite, e os médicos me trataram de forma equivocada, inicialmente. A conjuntivite passou para a córnea e eu não melhorava. Mudei meu tratamento para Belo Horizonte, e o agravamento das lesões causados pelo erro médico inicial, fizeram com que a única chance que eu tivesse para voltar a enxergar, fosse o transplante”.
Com a opção de realizar cirurgia à laser antes do transplante, mas com chances baixas de sucesso, ela tentou o método. “Fiquei um ano e meio para poder fazer a cirurgia à laser, pois precisava dar um tempo no efeito do tratamento errado, como suposto, a cirurgia não deu certo, e o médico falou que só com o transplante eu teria resultados. Depois do informado, com um mês eu recebi a córnea”, conta.
Na época, Giovanna havia acabado de se formar em Direito e conquistado a carteira da OAB. Após o diagnóstico, tudo mudou. “Fique cinco anos com a vida mudada, tive que parar com a vida profissional, devido a isso. Quando soube que minha vez havia chegado, fiquei surpresa por ter sido rápido e agradecida pela oportunidade de voltar a enxergar. Voltei a trabalhar, mesmo com o médico falando sobre os riscos de rejeição, e para a surpresa, eu me recuperei com a metade do tempo previsto. Hoje tenho apenas astigmatismo e miopia, o que é normal para quem fez o transplante. A claridade me incomoda um pouco, mas o resto, é vida normal”
A cirurgia
Apesar de ter feito todo o acompanhamento de forma particular, a espera para o transplante é única, independente do órgão, todo paciente enfrenta apenas uma fila de espera, que é recebido de forma gratuita. “Eu paguei a cirurgia particular, pois eu não quis fazer em Vitória. Então o particular foi o honorário médico e o hospital, a córnea é um banco só; independente da cirurgia ser feita no particular ou público”, detalha Giovanna.
Quais são os tipos de doador de órgãos?
O doador vivo: Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.
O doador falecido: Doador Falecido após Morte Cerebral: Paciente cuja morte cerebral foi constatada segundo critérios definidos pela legislação do país e que não tenha sofrido parada cardiorrespiratória. O doador falecido nesta condição pode doar coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões.
Doador com Parada Cardiorrespiratória: Doador cuja morte foi constatada por critérios cardiorrespiratórios (coração parado). O doador nesta condição pode doar apenas tecidos para transplante (córnea, vasos, pele, ossos e tendões).
Anúncio
Veja também
Anúncio
Anúncio