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Livro conta detalhes do mítico Festival de Verão de Guarapari
por Pedro Henrique Oliveira
Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 16:56 / Atualizado em 24 de janeiro de 2023 às 16:56
Cercado de mitos e histórias, o Festival de Verão de Guarapari, que ocorreu em 1971, pode ser classificado como um movimento revolucionário em terras capixabas. Em meio a ditadura militar, jovens resolveram organizar um festival de música, inspirado no lendário Woodstock, nas Três Praias.
Considerado o primeiro festival de música a céu aberto do Brasil, reuniu nomes como Milton Nascimento, Os Novos Baianos, Luiz Gonzaga, Taiguara, Tony Tornado e os capixabas Aprígio Lyrio e Cris Portela. O evento é lembrado, sobretudo, pelo salto que Tornado deu do palco, que acabou atingindo uma espectadora.
As muitas histórias e o contexto social da época são combustível para qualquer curioso e apaixonado por música, como é o caso do jornalista Eduardo Maia, que lança na próxima quinta-feira (26), em Vitória, o livro “Memórias da Liberdade: 50 Anos do Guaraparistock”. Segundo o autor, a obra busca desmistificar o que algumas pessoas contam sobre o evento.
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Eduardo conheceu a história do “Guaraparistock” em conversas na casa de seu tio, o também jornalista Pedro Maia, que era amigo de Rubinho Gomes, um dos organizadores do festival. Durante a faculdade, Eduardo sempre mergulhou em pautas voltadas à música capixaba e decidiu que o festival de verão seria o tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso.
“Depois da faculdade, aprimorei o livro. Acrescentei mais entrevistas, mais fotos e informações, e reformulei os textos para chegar a ponto de lançá-lo”. “Memórias da Liberdade” conta com entrevistas de Paulinho Boca, dos Novos Baianos, Arnaldo Brandão, da banda A Bolha, e da dupla sertaneja pioneira Celma & Célia, que acompanhou o cantor Erasmo Carlos na viagem.
“Tem muita informação de bastidor. Eu acho que são até mais interessantes que as informações oficiais do festival. Dos entrevistados, sejam famosos ou espectadores, eu tentei abordar muito essas lembranças de bastidor”, revelou o jornalista.
Entre os casos contados na obra estão a história de um turista suíço, que veio a Guarapari somente para o festival e enfrentou problemas com a polícia devido ao uso de drogas, e o salto de Tony Tornado, que atingiu uma fã na plateia. Segundo Eduardo, muitos acreditam que a jovem atingida teria ficado paraplégica, o que não aconteceu. No livro essa história é recontada.
A reunião de hippies no litoral capixaba também chamou a atenção do governo militar da época. “Pelo relato do pessoal que foi tocar, houve muito abuso do regime militar. Os organizadores falam que, prestes a começar o evento, o governo do Estado retirou o apoio, e a PM montou várias torres para vigiar os hippies. Tudo isso acabou dificultando. Acho que uma das palavras que marca o festival é repressão”, afirma Eduardo.
Há 50 anos a comunicação era precária. Questionado sobre a pesquisa para a produção do livro, o autor conta que buscou em diferentes fontes, e encontrou registros de vários jornais da época – estima-se que cerca de 200 profissionais do Brasil e do mundo tenham vindo acompanhar o festival.
“Consegui colocar algumas fotos raras no livro, uma delas é do Erasmo Carlos tocando na praia, outra 100% inédita que pega o momento exato da prisão do turista suíço. O festival foi amplamente coberto pela imprensa da época, então há muito texto e relato interessante”, detalhou.
“Memórias da Liberdade: 50 Anos do Guaraparistock” será lançado na próxima quinta-feira (26), na Biblioteca Pública do Espírito Santo, na Praia do Suá, em Vitória. A obra deve ser lançada em breve em Guarapari.
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