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Entrevista

Ser ou Ser: uma questão única para Junior Sampaio

Publicado em 5 de janeiro de 2023 às 11:14
Atualizado em 12 de janeiro de 2023 às 10:44

Com o lançamento de “Ser ou Ser”, Junior Sampaio presenteia nossa literatura com o primeiro livro autoral onde reúne cerca de cem poemas próprios e também alguns do pai, o poeta e trovador Manoel Sampaio Netto. Aos 56 anos, o escritor que começou ainda adolescente já teve poemas vencedores de concursos e escolhidos para comporem publicações. Natural da cidade de Cachoeiro de Itapemirim e munícipe de Guarapari, Junior prestigiou a redação da Revista SOU para uma agradável conversa sobra a obra, a vida e a poesia; o resultado você confere a seguir:

Revista SOU: Vamos começar com a capa, que já conversa com o leitor no título. O que você entrega com “Ser ou Ser”?

Junior Sampaio: A capa e o título foram presentes do amigo Marcelo Moryan após algumas conversas. Ser ou Ser tem relação com um solilóquio de Hamlet, personagem de Shakespeare, sobre vida e morte, sobre Ser ou Não Ser. Mas em minha vida não há espaço para o “não ser”, daí a única questão que fica é ‘ser’. Trabalhei durante 15 anos no CVV – Centro de Valorização da Vida e essa escolha tem muito a ver com isso.

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SOU: Mas uma mudança de posição do livro revela um título diferente, o “Ser no Ser”. Qual razão?

JS: O Ser no Ser são os meus ‘eus poéticos’, quando me coloco no lugar de outro ser, especialmente no sofrimento, para que o outro se expresse através de mim. Entre os temas dos meus poemas está o de cunho social, onde eu tento refletir o modelo de ser humano que admiro, aquele que percebe a dor do outro e toma a iniciativa sem esperar o pedido de ajuda. Mas meu livro tem poemas sobre vida, família, lugares onde eu vivi, amor, perda e dor; de cunho espiritual, religioso e filosófico também. Em termos de estrutura, o livro traz uma preocupação técnica como sonetos petrarquianos e shakespearianos com versos decassílabos, além de poemas com versos livres– minha preferência, diga-se de passagem.

SOU: Mas independentemente do formato, tem que emocionar, você disse.

JS: Exatamente. Em geral, não se explica um poema e, depois que você o publica, ele pertence ao leitor que interpreta de acordo com a própria bagagem. Mas tem que ter poesia, emocionar. Aquilo que se lê é o poema, e o que se sente é a poesia; e poesia pode estar até nas coisas cotidianas.

SOU: Você disse logo de início que não se considera um poeta, por quê?

JS: Não me considero poeta porque, para mim, o poeta decide escrever e escreve, há uma inspiração interna natural; eu não, escrevo movido por uma inspiração externa e não-planejada, eu diria. A inspiração me para no meio da rua, me pega de surpresa na hora de sair, me acorda às 3h da manhã.

SOU: E quais são as suas influências?

JS: Minha família é marcada pela arte. Na música, nomes como Sérgio Sampaio e Raul Sampaio; meu pai, trovador e poeta; mas não foram influências diretas e sim me colocando no universo da beleza, da arte, da cultura. Quando adolescente, comecei a ler livros do poeta libanês Gibran Khalil Gibran e foi daí que me apaixonei, escrevi meu primeiro poema por volta dos 18 anos. Me inspiraram nesse caminho poetas como Neruda, Vinícius, Manoel Bandeira, Cecília Meireles, Shakespeare e Camões.

SOU: Quais as suas leituras do momento?

JS: Minha leitura atualmente tem sido pouco romanesca e mais filosófica, social. Estou lendo Roger Scruton, Silvio Almeida e Conceição Evaristo. Essa última, para os não-negros, faz uma desconstrução linda em torno do racismo, lavando a alma com poesia, seria uma dica. Gosto de ler e estudar ao mesmo tempo, buscar outras obras que se complementam nas abordagens.

Para se tornar realidade, Ser ou Ser contou os patrocínios da Academia Guarapariense de Letras e Artes, Alba Sampaio (psicóloga – CRP16/6562), Barbearia do Rei, Escola Jesus Menino, Ideally Construtora, Marcelo Moryan, Faculdade Multivix, Escola Rui Barbosa, Tornnus Usinagem e Villa Azul -madeira e arte brasileira.

Com os Acadêmicos da AGLA

Detalhes

Autor: Junior Sampaio

Capa e fotos: Marcelo Moryan

Revisão: Renata Rocha Vieira de Mello

Editora: Literando

Páginas: 131

Edição/Ano: 1ª edição/2022

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